20 bilhões de investimentos: Montes Claros, Pirapora e Buritizeiro entram na disputa por gigante da Celulose
A Paper Excellence, em parceria com a J&F Investimentos, está avançando nas negociações para estabelecer uma nova fábrica de celulose no Brasil, com um investimento estimado em R$ 20 bilhões.
Apesar da prolongada disputa pelo controle da produtora de celulose em Mato Grosso do Sul com a holding dos Batista ao longo de quase seis anos, a empresa continuou suas conversas com diferentes estados. Segundo fontes do setor florestal, Minas Gerais está na liderança para sediar o projeto.
O estado já identificou duas possíveis localizações para a instalação da fábrica, caso a Paper opte por avançar com o projeto em terras mineiras. Além de Montes Claros, Pirapora, Buritizeiro no norte do estado, a região de Grão Mogol, no Vale do Jequitinhonha, também está sendo considerada como uma alternativa viável. Contudo, as discussões ainda estão em estágio inicial e nenhum acordo formal foi alcançado até o momento.
Fontes próximas à empresa afirmam que a Paper está interessada em estabelecer contratos de fornecimento de madeira para a futura fábrica, em vez de adquirir terras, devido às restrições legais à compra por estrangeiros no país. Uma liminar do Tribunal Regional Federal da 4ª Região também está impedindo a conclusão da compra do controle da Eldorado.
As áreas em questão foram identificadas em um levantamento preliminar da consultoria Canopy, considerando a disponibilidade de eucalipto para alimentar a unidade fabril. Essas áreas foram apresentadas pela Invest Minas, agência de promoção de investimentos do estado.
De acordo com o estudo, após avaliação conjunta com a empresa, considerando um raio de 200 quilômetros de Pirapora e Buritizeiro, uma consulta a 28 produtores de eucalipto ou proprietários de terras revelou a existência de 466 mil hectares de áreas plantadas e 380,5 mil hectares disponíveis para plantio, o que facilitaria futuras negociações.
Foram realizadas cinco reuniões entre janeiro e março com municípios e produtores rurais em diversas cidades, incluindo Pirapora, Montes Claros, Buritizeiro, Augusto de Lima e Belo Horizonte. O governo também enviou informações à Paper em janeiro, destacando os benefícios de investir no estado, como incentivos fiscais e isenção em energia renovável.
A VLI, responsável pelo Terminal Integrador de Pirapora (Tipi), manifestou interesse em negociar com a Paper para compreender a natureza e o volume da carga anual, caso o projeto avance.
Há um ano, o empresário Jackson Wijaya, proprietário da Paper e neto do fundador do conglomerado asiático Sinar Mas, anunciou planos de crescimento no Brasil durante uma reunião com sete governadores brasileiros em Nova York. Ele expressou o desejo de expandir a Eldorado e investir em uma nova fábrica no país, com capacidade de 2,5 milhões de toneladas por ano.
No contexto recente da disputa, houve desentendimentos entre J&F e Paper relacionados à distribuição de dividendos pela Eldorado. A Paper, que inicialmente se opunha à distribuição de proventos, votou a favor, mas a proposta foi barrada pela maioria no conselho da J&F.
Além da participação de 49,41% na Eldorado, que produziu 1,78 milhão de toneladas de celulose na fábrica de Três Lagoas (MS) no ano passado, a Paper possui seis fábricas de celulose e papel no Canadá, com uma produção anual de mais de 2,5 milhões de toneladas.